sábado, 26 de setembro de 2009

Participação e cidadania activa


Recebi do Prof.(H) Dr. Heribert Hinzen do Institute for International Cooperation of the German Adult Education Association uma solicitação particularmente desafiadora. Colaborar na identificação de boas práticas e hipoteticamente  na definiação de iniciativas cuja finalidade será a de promover a participação dos adultos menos escolarizados e até com níveis elevados de iliteracia nos actos eleitorais que se avizinham na Alemanha e em Portugal.
A preocupação das Universidades Populares da Alemanha (que por sinal animam uma Rede Mundial de instituições ligadas à Educação Popular) é a da plena cidadania. Está demonstrada uma relação infelizmemte constante entre níveis elevados de abstenção e níveis reduzidos de educação.



Que mecanismos existem ou poderão existir de envolvimento dos eleitores por forma a influenciar aqueles que menos jornais lêem, a que menos programas de informação assistem, que menos pesquisam na Internet os acontecimentos ligados aos processos eleitorais e que menos preocupação têm na leitura e na análise dos programas eleitorais e, consequentemente, reduzir drasticamene quer a abstenção quer ainda a votação pouco esclarecida ou pouco fundamentada.
O que existe hoje em termos de actividades e de acções de campanha que preencham aquela finalidade é francamente desolador. As acções mais comuns são: sessão de apresentação, comício, arruada, festa- convívio, jantar-comício e pouco mais. Em todas estas acções verifica-se uma clara separação das actividades, por um lado a vertente lúdica e festiva (para atrair pessoas) e a dimensão directamente política marcada pelos discursos e pelos slognas de apelo ao voto.
O debate, a participação crítica, o envolvimento na definição das soluções , a clarificação dos argumentos e das propostas, nada disso acontece e todos os temas e assuntos são tratados pela rama e exclusivamente orientados para a afirmação do voto neste ou naquele partido.
Poderíamos imaginar uma Caixa Comunitária em todos os serviços públicos e nos espaços públicos cúmplices da iniciativa com uma interrogação e um pedido de apresentação de ideias e propostas: O QUE PODE MELHORAR? E esta informação devidamente tratada poderia ser fornecida a todos os partidos políticos e aos candidatos independentes para ser tida em conta nas camapanhas e nas propostas. Poderíamos imaginar CIRCULOS DE DEBATE sobre temas muito específicos que poderiam partir da recolha de OPINIÔES nos CLUBES e CAFÉS da localidade com um slogan EU PARTICIPO, A MINHA OPINIÃO CONTA! Poderíamos imaginar que cada rua tivesse a sua Jornada Cívica e nesse dia os diversos moradores falarem entre si das questões que os preocupam e dejam ver melhoradas.
Tenho por indispensável que no futuro se venham a conjugar diversas modalidades de envolvimento e participação cidadã na definição de rumos para os destinos colectivos:
-          acções de debate directo e de proximidade entre os membros da população local auto-organizados;
-          acções de interpelação e de questionamento aos candidatos com obrigatoriedade de resposta pública;
-          acções de organização independente dos argumentários com fundamentações diversas disponíveis por exemplo na Internet;
-          acções de fórum aberto e da chat nas comniades sociais;
-          postos de „conversa cidadã“ nos quais estão presentes e disponíveis todos os elementos de comparação e de fundamentação de propostas.

Não será fácil no futuro organizar a comuniade local para uma relação mais construtiva com a acção política dos protagonistas políticos, mas importa sobretudo não estabelecer como irreversível o actual estado de relacionamento marcado pelo distanciamento dos cidadãos da causa pública e dos eleitores dos seus eleitos.

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