sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Coligações


Em táctica política a coligação constitui uma arma poderosa. Com impacto. Cada partido tem o seu quadro ideológico de referência, o seu programa político e por razões fortes admite negociar e coligar - se. Com outros. Ou seja, admite prescindir da sua autonomia em matéria de base programática e coloca-se numa posição de convergência, de concertação, de negociação e de ajustamento para que sejam atingidos objectivos tidos por essências e claramente perceptíveis pelo eleitorado.

Ou seja, o partido pró-coligação prescinde das suas bandeiras emblemáticas e actua em nome de uma NOVA PLATAFORMA de tal forma importante que justifica diluir-se numa cooperação interpartidária.

Porque, excepto estas situações tidas por verdadeiramente excepcionais, não se compreende que um partido que tenha um programa (e por vezes uma ideologia que lhe esteja associada) não se apresente ao eleitorado afirmando a sua visão dos problemas e as suas propostas para os solucionar e genericamente as suas bandeiras políticas.

É assim, a democracia estrutura a sua dinâmica de alternância e de governação na base dos partidos, porque exactamente eles afirmam programas políticos globais, perceptíveis e descodificáveis pelos eleitores.

Numa abordagem muito imediatista podemos afirmar que OVAR é terreno fértil para as tácticas coligacionistas.

É a coligação Mudança Positiva do lado do PSD e do CDS. É a coligação CDU entre o PCP e o PCP e é agora a coligação mais inesperada entre o Bloco de Esquerda e os Independentes por Esmoriz.

Mas o que está por detrás desta onda coligacionista?

O PSD local coligou-se com alguns militantes do CDS, para somar votos. Apenas e só.

Por mais que procuremos uma mais – valia programática da congregação entre os dois partidos no plano concelhio não encontramos, nos sete compromissos prioritários da Mudança Positiva, nada mais que uma cópia alaranjada dos projectos do PS sem contributos do CDS. Com excepção claro da Cidade do Carnaval. Que ser aldeia, é para provincianos, como será Geenwich Village que apesar de albergar a Universidade de Nova York, deverá passar por recomendação dos novos apóstolos da modernidade a Greenwich City.

Na coligação PSD-CDS de Ovar todos sabem que a única coisa que é certa é que não há coligação, porque não existem políticas coligadas.

Com a CDU a coligação é outra loiça. É eterna e está para durar. O PCP não vem à batalha eleitoral por nada do mundo. Apresentar-se ao eleitorado com a sua base ideológica, o comunismo, nem pensar. Então é como aquele actor que prefere ser a sua personagem em detrimento de si próprio. A máscara é a camuflagem. A mentira é a verdade. E assim se vive mais uma relação perversa de coligação sem coligados.

Já estamos habituados às coligações de circunstância. Meramente orientadas para somar votos. Mas há novidade. Uma nova abordagem criativa à coligação.

Então não é que agora os Independentes coligam-se com partidos! Sim. Então, se na génese da actuação política como agrupamento independente encontra-se a crítica aos partidos existentes, como poderá ser admitida uma coligação desta natureza. Trata-se da própria renúncia aos princípios fundadores do colectivo independente.

Bem, mas se tal acontece é porque afinal os independentes vendem o gato por lebre com a dita independência e não lhes assiste a coragem e a frontalidade de alguns agrupamentos partidários de constituição recente que pelo menos arriscam programas globais e respeitam os eleitores sujeitando-se a um veredicto político pelo programa apresentado. Proferem discursos anti-partido para captar eleitores numa base populista e coligam-se com eles numa expectativa eleitoralista.

Desta forma as coligações em vez de aumentarem, acrescentarem e melhorarem o combate político, enfraquecem-no e descredibilizam o seu sentido democrático na construção de alternativas aos poderes instalados.

Carlos Ribeiro

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